Porto aberto
insondáveis mistérios
leme abandonado
tão longe e tão perto
navegação insegura
que a alma não cura
é necessário arriscar
para mais tarde dizer
que se morreu a tentar
nem que se morra na costa
de um porto que nunca chegou
de um sonho que adormeceu
e nunca mais acordou
mais vale morrer envenenado
do que envenenar o mar
ninhos desfeitos sem casal para acasalar
um resultado imprevisível
um ouvido sensível
tempestades de inverno
que a costa vão flagelar
um celeiro abandonado
para recolher quem se abrigar
braços abertos
para receber e apertar
um porto milagroso
para viajante perdido
peso volumoso
no esquecimento caído
abre-se uma janela de oportunidade
para de novo navegar
o peito apertado de saudade
para um porto avistar
uma alma perdida
que espera encontrar
a palavra saída
para quem não quer ficar!!