Uma tarde de Junho que nunca aconteceua juventude despontada
como está igual o meu céu
por cima da minha terra lavrada
uma campa esquecida
mal iluminada
fruto de uma breve vida
uma luz de Março que se extinguiu
por força de um motivo maior
a tarde deitou-se para nunca mais despertar
morreu entranhada no seu amor
que não chegou a ver o luar
o banco do jardim deserto
sente saudades de quem ali se sentou
aquela febre de afecto
numa brisa que passou
os foguetes encontraram-se com as estrelas
duas formas a brilhar intensamente
por cima da minha campa abandonada
da minha tumba cristalizada
numa tarde de Agosto
a terra cheira a vida
a vida cheira a mofo
numa travessia demorada
esqueceu-se a pessoa
pois a vida não ficou parada
e aconteceu tanta coisa boa
paz no mundo
alegria no mundo
saúde no mundo
pressa no mundo
quem se lembra de um anónimo
que morreu numa tarde cinzenta
onde a erva nasceu
cobrindo os rastos de quem ali foi enterrado
da pessoa que viveu
e no anonimato foi enterrado
numa tarde com sol
a missa breve
não havia muito a dizer
ali esteve
uma pessoa que se cansou de viver
ainda na juventude da vida
removido para ali ficou
numa campa esquecida!!