O tempo de arrependimento já lá vai
faz muito tempo que a chuva não cai
o sol agora reina os dias
sem marcas
nem saídas
é tempo de olhar em frente
crescer
e ser gente
assentar tijolo por tijolo
deixar os castelos de areia
e construir uma casa mais modesta
sem grandes luxos
mas sempre com festa
numa terra mais real
do que aquela em que os castelos são construídos
sem sonhos proibidos
nesta casa assentada em tijolo
o arrependimento é um simples tolo
que se arrepende
por dizer te amo
timidamente
não tem nada proibido
a vida apenas é mais simples
não preciso me proteger com muralhas
nem ficar com medo de cair
nas minhas batalhas
sei que aqui não serei ferido
nesta casa tenho um abrigo
que me permite ser sereno
e ter um ombro ameno
uns lábios suaves
uma ouvinte atenta
um corpo belo e sinuoso
com o sabor e cheiro a menta
não olho mais para trás
o arrependimento já lá vai
agora quero a paz
nesta casa de tijolo
onde antes este tolo
não queria entrar
agarrado ao seu castelo
com ventos para o sustentar
agora tudo é diferente
o tolo cresceu
agora é gente
vive feliz na modéstia
não se arrepende de nada
tudo é feito com prazer
quem ama
tem tudo que é para ter.